Terapia Manual 16 - junho - 2013 Sem categoria9 comentários

Uma questão recorrente no dia a dia de um fisioterapeuta está relacionada com a decisão de encaminhar um paciente para um tratamento cirúrgico ou conservador. Isso ocorre com as mais diversas afecções musculoesqueléticas e nem sempre as pesquisas conseguem elucidar essa questão dadas as inúmeras variáveis. Nesse assunto a revista The New England Journal of Medicine publicou um bom estudo que fala sobre as duas possibilidades após lesão meniscal e osteoartrite.

 

Tal estudo está aqui exposto em seu resumo e pode ser conferido na íntegra na sessão de artigos para membros.

 

Introdução

Se a meniscectomia parcial artroscópica para pacientes sintomáticos com uma ruptura meniscal e osteoartrite de joelho resultada em melhores resultados funcionais do que o tratamento não cirúrgico?

 

Métodos

Foi realizado um estudo multicêntrico, randomizado, controlado envolvendo pacientes sintomáticos com 45 anos ou mais com uma ruptura meniscal e evidência de osteoartrite leve a moderada na imagem. Foram designados aleatoriamente 351 pacientes para cirurgia e fisioterapia pós-operatória ou a um regime de fisioterapia padronizado (com a opção de passar para a cirurgia, a critério do paciente e do cirurgião). Os pacientes foram avaliados em 6 e 12 meses. O resultado primário foi a diferença entre os grupos no que diz respeito à alteração do Índice de Osteoartrite das Universidades de Western Ontario e McMaster (WOMAC) que dá pontuação a funcionalidade física (variando entre 0 e 100, com valores mais elevados indicando sintomas mais graves) 6 meses após a randomização.

 

Resultados

Na análise da “intenção de tratar”, a melhora média na pontuação WOMAC após 6 meses foi de 20,9 pontos (intervalo de confiança [IC] de 95%, 17,9 a 23,9) no grupo cirúrgico e 18,5 (IC 95%, 15,6 a 21,5) no grupo de fisioterapia (diferença média, 2,4 pontos, IC 95%, -1,8 a 6,5). Aos 6 meses, 51 participantes do estudo, que foram designados para apenas fisioterapia (30%), foram submetidos à cirurgia e nove pacientes designados para cirurgia (6%) não foram submetidos à cirurgia. Os resultados a 12 meses, foram semelhantes aos de 6 meses. A frequência de eventos adversos não diferiu significativamente entre os grupos.

 

Conclusão

Na análise da “intenção de tratar”, não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos de estudo com relação a melhora de função após 6 meses.

 

Com base neste estudo concluí-se que cirurgia para lesões meniscais ou osteoartrose não é melhor do que fisioterapia no tratamento destas condições. Os fisioterapeutas têm a seu dispor mais uma evidência para sugerir ao seus pacientes a procura pelo tratamento conservador para estas condições.

 

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9 Comentários

Carlos E. Macato

16 de junho de 2013

Gostria de saber qual foi o protocolo de fisioterapia que utilizam por favo. Obrigado!

Jorge Silvino R

18 de junho de 2013

Carlos, segundo o artigo “O programa de três estágios foi projetado para tratar a inflamação, amplitude de movimento, força muscular concêntrica e excêntrica, as restrições do comprimento do músculo, o condicionamento aeróbico (por exemplo, com o uso de uma bicicleta, uma máquina elíptica, ou esteira), a mobilidade funcional, propriocepção e equilíbrio”. Abraço

Pedro Galhardo

18 de junho de 2013

Que bom ter mais uma evidencia a respeito, uma vez que ainda acho dificil convencer alguns dos meus pacientes a optarem pelo conservador nesses casos. Nao sei se os colegas tambem encontram isso…

Jorge Silvino R

25 de junho de 2013

Pedro. Este é um grande problema da fisio. Como converncer nossos pacientes a nao fazer cirurgia se toda a classe medica diz para ele que deve fazer. Esse tipo de pesquisa ate ajuda pois voce pode dar na mao do paciente ler mas o problema eh que eles sao leigos. Uma coisa que eu faço é dizer para o paciente que não há problema para saude dele em aguardar um pouco e fazer a fisioterapia para ver o resultado….mtos preferem e aceitam! Abracos

Pedro Galhardo

9 de julho de 2013

Jorge, obrigado pela mensagem. Concordo com voce. Raramente dou a opção do paciente ler algo, mas aqueles que escolhem esperar gostam de saber que há uma segunda opcao e essa cada vez tem ficado mais popular.

Jorge Silvino R

17 de julho de 2013

Acho que esta é uma grane vantagem de sites como este. Veja a situação que nos estamos vivendo agora com o ato medico. Ter pesquisas como esta mostra a população e aos profissionais de saude a importancia que a fisioterapia tem em avaliar e prescrever seu proprio tratamento!!! Neste caso por exemplo um medico iria provavelmente pesar para a cirurgia e se o fisio nao pudesse opinar quem pagaria o preço é o paciente afinal que ficaria sem a fisio que é melhor…. Abs

Carlos Machado

26 de setembro de 2013

Queria saber dos exercicios. Onde consigo o artigo?

Deise Scher

15 de novembro de 2015

Preciso deste artigo
Agradeço desde já.

Isabel

14 de junho de 2016

Me chamo Isabel, moro em BH
Já passei pela terrível experiência de cirurgia de hérnia de disco. Se arrependimento matasse eu já teria morrido há muito tempo.
Fizeram artrodese (retiraram o disco das L4/L5 = laminectomia, com enxerto intersomático e colocaram dois parafusos de fixação eliminando a articulação). Não morri e/ou não me tornei uma cadeirante porque Deus não deixou. São 29 anos de convivência com terríveis dores, contínuas – antes da cirurgia eu tinha crises boas(levava vida normal) e crises ruins, intercaladas… Antes tivesse continuado fazendo fisioterapia, mas, o médico ortopedista insistia tanto que eu tinha que fazer cirurgia… Entre outros argumentos ele me dizia: medo de operar de coluna é puro preconceito; hoje, é uma cirurgia como outra qualquer; estamos acostumados em operar colegas de profissão; se você admitir em operar nunca mais saberá o que é dor na coluna, etc., etc.,e eu, sempre resistindo… O certo é que minha situação piorou um milhão de vezes mais… E agora, fiquei assim, dores terríveis, vida limitada, etc, etc. Virei um “caco”… E pensar que fizeram uma cirurgia irreversível. Já “rodei” o Brasil tentando desfazer/reverter o procedimento cirúrgico mas, ninguém quer “mexer”. Consertar é pior que fazer pela primeira vez. Também, fizeram de modo irreversível! Quem vai mexer?…
Sinto-me vítima de uma “máfia da prótese”.
Na época, algum tempo depois dessa cirurgia, lí que a Cláudia Raia , sendo preparada para ser operada de hérnia de disco como eu, ao ser informada pelo anestesista que ela nunca mais poderia dançar depois disso… tomou uma decisão repentinamente, levantou da mesa e abandonou o ambiente cirúrgico; enfim depois dessa informação ela desistiu de operar… tá ela dançando normalmente, etc e tal.
Eu lamento o seguinte: porque eu também não recebi essa mesma luz, porque tanta coisa foi prometida e nada cumprido, mas, foi tudo ao contrário. Sinto que após essa cirurgia meu tempo de vida foi dividido ao meio, no mínimo.
Felizmente, o médico não está mais aqui para fazer o mesmo com outros pacientes, e o companheiro dele que na época tinha se formado recentemente e trabalhava no Mater Dei, já não trabalha mais naquele hospital.
Outros médicos me perguntaram: você sofreu algum acidente, teve fraturas…Não!Eu só tinha uma compressão. Que absurdo! Oh, Isabel, esses médicos foram “bravos” demais com você!
Hoje, sei que médicos podem salvar vidas, mas, também pode matar!
Na minha terra, no Sul de Minas, existe o seguinte ditado: “Médico mata sem ter crime e advogado rouba sem ser ladrão”.
Um conselho pode ser dado a pessoas de qualquer profissão: Nunca achar-se o “bam,bam, bam” e que sabe mais que Deus…Aqueles dois médicos, eram assim.

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