Terapia Manual 18 - julho - 2012 Sem categoria18 comentários

A síndrome de piriforme, uma “ciática” causada pela compressão do nervo isquiático pelo músculo piriforme, ainda que descrita por mais de 70 anos, tem várias controvérsias associadas e poucas evidências que sequer comprovem sua existência (Hoayan et al Euro J Spine 2010). A literatura atual consiste primariamente em estudos de casos ou interpretações com base na anatomia.

 

Um revisão sistemática da literatura foi feita incluindo 55 estudos (Hoayan et al Euro J Spine 2010). Os achados mais frequentes foram dor próximo ao trocânter, dor á palpação próximo a saida no n. isquiático, agravo da dor ao sentar e agravo com manobras que colocam tensão no músculo piriforme.

 

Ainda que nenhum dos estudos tenha apresentado provas imaginológicas  ou clínicas contundentes de boa validade ou confiabilidade para um diagóstico definitivo desta síndrome, o volume de casos e os sintomas típicos e reconhecidos por vários clínicos tendem a apoiar a existência da condição. O diagnóstico diferencial parece ser crucial para sua confirmação já que a compressão do n. isquiático ou suas raízes é geralmente provocada por alterações lombares. Se estas não são encontradas isso tende a direcionar o clínico para a “síndrome do piriforme”.

 

Assim com o diagnóstico é obscuro o tratamento também é. Não há boas evidências para o tratamento cirúrgico (Hoayan et al Euro J Spine 2010), e as evidências são pobres também para o tratamento conservador (Cramp et al Phys Ther Rev 2007).

 

Os clínicos, principalmente fisioterapeutas,  não devem se inibir por falta de evidências em relação a esta condição. A mesma é clinicamente reconhecida por diversos clínicos e considerando que não há alterações estruturais ou anátomo-patológicas identificáveis, o tratamento conservador ainda parece ser a melhor opção.

 

Hopayian K, Song F, Riera R, Sambandan S. The clinical features of the piriformis syndrome: a systematic review. Eur Spine J. 2010 Dec;19(12):2095-109. Epub 2010 Jul 3.

Cramp F, Bottrell O, Campbell H et al (2007) Non-surgical management of piriformis syndrome: a systematic review. Phys Ther Rev 12:66–72

 

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18 Comentários

Marcelo Ferreira

23 de julho de 2012

Colegas estou fazendo um trabalho sobre este assunto. Podem me passar referências de artigos bons além deste? Obrigado

Jane Mendonça

24 de julho de 2012

marcelo achei estas referencias no mediline. Nao sei se sao boas mas parece que nao existe muita coisa em fisioterapia tambem publicada nessas revistas….em portugues eu nao procurei…

Treatment of an individual with piriformis syndrome focusing on hip muscle strengthening and movement reeducation: a case report.
Tonley JC, Yun SM, Kochevar RJ, Dye JA, Farrokhi S, Powers CM.
J Orthop Sports Phys Ther. 2010 Feb;40(2):103-11.

Piformis syndrome and low back pain: a new classification and review of the literature.
Papadopoulos EC, Khan SN.
Orthop Clin North Am. 2004 Jan;35(1):65-71. Review.

Ate

Jane

Sergio Marinzeck

29 de julho de 2012

Colegas. Minha opiniao é a mesma do texto. Ainda que não haja evidências para a existência da condição, o reconhecimento quase unânime de sinais e sintomas por um grande volume de clínicos e a interpretação baseada em conhecimentos sólidos de anatomia e fisiologia, tendem a apontar a existência da condição. Como disse Carl Sagan um dos grandes cientistas do nosso século “a ausência de evidência não é evidência de ausência”.

Espero que as pesquisas continuem mas até que as tenhamos temos que nos basear no melhor da prática e opiniões da comunidade clínica / acadêmica.

Acho que o diagnóstico diferencial é um ponto chave. Se não temos elementos suficientes para estabelecer um critério de inclusão, podemos usar elementos de critérios de exclusão de condições que produzam sintomas similares. A lombar é a primeira fonte que devemos avaliar para eliminá-la como fonte dos sintomas.
Fica ai mais uma elemento além dos 4 apontados pelo texto.

Abracos

Sergio Marinzeck

Mari Elli

2 de agosto de 2012

Colegas estou com um paciente que eu acho que tem isso apesar do ortopedista soh ter colocado ciatica como diagnostico. Podem me dar sugestoes de técnicas em como tratar, relaxar o piriforme, pelve etc? Agradeço antecipadamente

Cristine Jardão

6 de agosto de 2012

Minha sugestao eh posiçoes como rotacao interna e flexao do quadril ainda q eu veja mta gente fazendo rotacao externa e flexao p “alongar” o piriforme. Eu tb tenho duvidas qto a isso….

Igor

13 de agosto de 2012

Cristine Jordão,
o piriforme é um músculo que tem ações antagônicas dependendo da posição do quadril.
Se com quadril em extensão o piriforme faz rotação externa
Se com o quadril em flexão o piriforme faz rotação interna

Então se deduz que alongamos o piriforme em decúbito prono com flexão da perna do paciente e extensão do quadril, empurrando a perna para fora da maca, fazendo com que a coxa faça uma rotação interna. ou se o paciente estiver em decúbito prono fazemos flexão de joelho e quadril, levando o pé em direção a linha média e o joelho rodando para fora da maca. fazendo a coxa rodar externamente. Força-se a flexão do quadril para o alongamento deste músculo.

Espero ter ajudado a tirar a sua dúvida.

Minha sugestão é a leitura do livro fisioterapia ortopédica – mark dutton.
Neste livro vc vai achar métodos de avaliação e tratamento além de mta anatomia e biomecânica que são importantíssimos no processo da reabilitação. Bons Estudos!

Cristine Jardão

15 de agosto de 2012

Igor mto obrigado. Vou pegar o livro e vlw pelas dicas :)

Pedro Simao

5 de setembro de 2012

Cristiane,

Considerando o comentário do Igor, uma posição que utilizo para liberar o piriforme é em 4 apoios (apoios de mãos e joelhos) + rtç externa do quadril direito (cruze a perna direita por sobre a esquerda mas mantenha os joelhos na mesma linha) + adução do quadril direito ( balance o corpo para a direita se desalinhar a coluna) + flexao do quadril direito (balance o corpo pra trás sem perder a dissociaçao quadril-lombar). Desta forma vc “ataca” o piriforme em todos os planos!

Pedro Simao

5 de setembro de 2012

No entanto, mais importante do que “atacar” o piriforme é entender que pode ser vítima de disfunções ao seu redor! É preciso identificar isto avaliando outros sistemas além do muscular… Tenho visto isso na minha prática como personal trainer, trabalhando em parceria com um fisioterapeuta dotado desta capacidade de diagnóstico sistêmico e de intervenção manipulativa.

Paulo Roberto Didonato

3 de outubro de 2012

Caro Prof. Sergio e colegas,

O diagnóstico diferencial ainda é a melhor alternativa, não esquecendo do exame subjetivo e objetivo, ou seja, a avaliação é primordial não só nesses casos. Diferenciar o tecido afetado é importante, isso vai nortear o tipo de tratamento fisioterápico baseado em evidências. Apesar da lacuna com relação ao diagnóstico e tratamento a fisioterapia ainda é a melhor forma de tratar. A fisioterapia manipulativa é primordial não só no tratamento como na avaliação diferencial. Abraço aos colegas e ao Prof. Sergio.

Fatima Brum

4 de novembro de 2012

Colegas, utilizo a técnica dos trigger points, para síndrome da dor miofascial. Tenho excelentes resultados, tb faço a desativação do Gluteo mínimo e médio , quadrado lombar, assim tenho um melhor resultado. Trabalho com a técnica há 13 anos . Abraço

Jonathas

10 de novembro de 2012

Trabaho pcom método busquet, identificar o motivo do posicionamento dessa pelve o conteúdo e como esta esta comportando o contetor . Acho um bom caminho

marcus

13 de novembro de 2012

Possuo uma dor ao logo da perna com formigamento e minha ressonancia nao mostra muita coisa alem de abaulamentos, fui diagnosticado com essa síndrome e sou extremamente flexível, mas não me livro dessa dor, se alguém quiser ajudar…

Mario Carneiro Pinho

22 de novembro de 2012

Caros colegas. Eu também corroboro com o texto. Muitas vezes ou na maioria a fonte da dor está na região lombo-sacral ou sacro ilíaca e não no piriforme. Vejo muitas pessoas e até profissionais na área de saúde rotulando que toda dor “irradiada” na região glútea e posterior de coxa é afetada principalmente por esse músculo. Por isso que é importante o raciocínio clínico para dirimir esse problema. Abraços

Roberto Carozo

25 de novembro de 2012

Antes quero pedir desculpas pelo meu portuñol.
Sou massoterapeuta formado na escola de Digitopuntra em Uruguay a 23 anos.
Ja tenho me encontrado no consultório com muitos pacientes com dor irradiada na parte posterior da coxa (dor no nervo ciático), na resonancia e na palpação nao aparece disfunção vertebral. Isso me leva imediatamente a pensar na disfunção do piriforme, aonde aparecem claramente os pontos gatilho, que depois de desativados tem uma melhora imediata na dor irradiada. Trabalho com uma técnica de desativação dos pontos gatilho em 60 segundos!!! TROA ou as veçes conhecida por Strain- Counterstrain

Roberto Carozo

25 de novembro de 2012

Fico a disposiçao dos colegas se for, para ajudar com algumas dicas sobre a tecnica, ja que o resultado e realmente “magico”

nadia dos santos

8 de maio de 2013

gostaria que falasses mais sobre essa tecnica.obrigado

Alan Ruggero

18 de fevereiro de 2014

Senhores, embora importantes, liberação miofascial e alongamento não bastam.

Se o músculo está entrando em contratura é pq está compensando outro músculo agonista que está fraco. O glúteo máximo é o mais importante rotador externo do quadril. Vemos nesses pacientes hipotrofia desse músculo. Estando ele fraco, o piriforme, também RE, acaba sendo extremamente ativado e não suporta a demanda.

Pra dizer a verdade, eu quase nunca libero o piriforme. Fortaleço Glúteo máximo em CCA e CCF, além das fibras posteriores do glúteo médio, tb RE. Tenho obtido ótimos resultados.

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